Viajar com crianças é maravilhoso! Dá-nos a oportunidade de viver momentos únicos e de construir memórias que guardaremos para o resto da vida - nós os pais, mas essencialmente os nossos filhos. Mas se viajar com crianças não é fácil, viajar com crianças alérgicas pode ser stressante e assustador. É verdade que viajar com alergias alimentares exige uma boa dose de planeamento extra, mas vale bem a pena. Nós viajamos sempre que podemos. Às vezes, ficamos em alojamentos com cozinha, como aconteceu em Janeiro nos Açores. No primeiro dia fui ao supermercado e durante duas horas preparei refeições para vários dias. Depois, andava sempre com a lancheira e quando parávamos em algum restaurante, os miúdos comiam a comida deles. Outras vezes, ficamos em hotéis, o que exige maior pesquisa sobre as refeições no local e contactos prévios para nos certificar que as nossas regras de segurança serão cumpridas. Existem algumas cadeias de hotéis bem preparadas para receber alérgicos, mas normalmente este tipo de férias fica bem mais caro. Estas nossas viagens frequentes suscitam alguma curiosidade e também alguma preocupação a amigos e familiares, exactamente pelo facto de vivermos com tantas restrições alimentares. Foi por isso que resolvi sistematizar os cuidados que temos nas nossas viagens, que têm decorrido sem incidentes. Antes da viagem Escolher o local Ficar num apartamento ou quarto de hotel com kitchenette permite um maior controlo sobre a segurança das refeições. No entanto, há algumas opções de hotéis ou até cruzeiros que asseguram a segurança alimentar. Recomendo, no entanto, que tenham um pequeno frigorífico para guardar "snacks" ou sopas. Um dos meus truques é viajar sempre com a máquina de sopas, porque legumes há em todo o lado! Pesquisar sobre o destino Independentemente do destino para onde vamos viajar, é fundamental pesquisar o mais possível para garantir umas férias tranquilas. Confesso que, para mim, essa parte tem-se tornado numa verdadeira obsessão que chega a irritar o pai dos miúdos! Mas não vou a lado nenhum sem recolher informação sobre: - médicos e hospitais - é fundamental saber como agir em caso de emergência, seja no Algarve ou em Cabo Verde (felizmente nunca precisámos); - restaurantes e cafés - pesquiso sempre em foruns opiniões de outras mães de alérgicos sobre sítios seguros e faço uma lista de restaurantes vegan, que contacto antes da viagem. Em Novembro, por exemplo, fomos a Paris e havia um "bistrot" vegan ao lado do hotel, onde comprávamos sopa diariamente. - palavras estrangeiras - é fundamental saber explicar na língua do destino quais são as restrições alimentares e que as consequências podem ser graves. Pode-se inclusivamente escrever cartões para mostrar em algumas situações. Durante a viagemPrepare o kit Tenha sempre consigo o kit de emergência, que deve incluir toda a medicação necessária em caso de ocorrer algum incidente. Mantenha a Epipen ou Anapen na embalagem original e faça-a acompanhar de uma declaração médica que justifique a sua necessidade. Isto pode evitar problemas nos aeroportos ou outros locais com controlo de segurança. Informe a companhia aérea Mesmo que não seja possível garantir uma refeição livre de alergenos a bordo, deve informar o "staff" da alergia, de forma a precaver eventuais situações desagradáveis. Abasteça-se! Quer viaje de avião ou automóvel (ou outro qualquer meio de transporte), leve sempre consigo comida suficiente para os mais pequenos, pois pode haver imprevistos e não ser possível encontrar alternativas seguras. Bolachas, fruta e barras de cereais devem estar sempre na bagagem de mão! No destino...Informe SEMPRE sobre a alergia
No hotel, em restaurantes, na praia... Não é preciso andar com megafone, mas nunca se esqueça de lembrar que existe uma alergia alimentar, potencialmente fatal! Basta olhar para o lado, e já alguma mãe está a estender ao seu filho uma bolachinha carregadinha de proteínas maléfica. Mas não é preciso ficar paranóica, desde que... Tenha SEMPRE o kit consigo!
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Passaram quase dois anos desde que abandonei o Leite de Arroz. O blog!, porque a bebida continua a estar à mesa do pequeno almoço.
Muita coisa mudou. Eles cresceram. Eu renasci. Mas as proteínas continuam a provocar-nos dores de cabeça. Nem todas no entanto. Há 15 dias deixámos a soja entrar nas nossas vidas, depois de dois meses de hesitação. Contarei isso com mais pormenor em outro post. Este serve apenas para celebrar o meu regresso. Tardio, mas inevitável. Até já! Hoje o dia não começou da melhor maneira. Tirar de casa dois bebés no meio da tempestade para os levar à creche consegue ser quase tão desafiante como lidar com a APLV. Deixo um preso no carrinho à entrada do prédio, enquanto levo o outro ao colo. O guarda-chuva voa duas ou três vezes e o baby T guincha ao meu ouvido à desgarrada com a baby R que se ouve agora ao longe. Corro a buscá-la, voltando as costas aos protestos do irmão. Depois de estarem os dois instalados, fico toda encharcada a por o carrinho na mala. Sento-me no banco do condutor e respiro fundo. Ligo o rádio e cantamos até chegar à creche.
A esta altura, a chuva tinha abrandado e foi muito fácil tirá-los do carro. Quando as coisas entram nos eixos, volta a boa disposição e alegria. E lá fomos nós a saltitar até à porta da sala. Mal eu sabia que o pior estava por vir... Ontem, uma mãe tinha-me dito que a filha tinha ficado em casa porque estava com vómitos e já outro menino tinha estado indisposto. Perguntei à auxiliar da sala do baby T se havia meninos doentes. Resposta pronta: "Porque é que diz isso?" Coloquei o meu melhor sorriso e pedi que me avisassem quando dão conta destes casos, de forma a estar alerta a eventuais sintomas e não os confundir com uma reacção alérgica. Em menos de um instante, a educadora juntou-se à auxiliar e começaram a dizer que não podiam fazer isso a 18 crianças, que têm mais que fazer, etc. Mas num tom que só visto! Eu expliquei que na última consulta, em que ele estava com diarreia, a imunoalergologista perguntou se havia mais alguma criança doente e eu não sabia responder. Mas elas mantiveram-se irredutíveis na sua arrogância, perante as minha incredulidade. Acabei por dizer que só tinha feito aquele pedido por me parecer ser uma coisa simples, mas que estava a perceber que era uma complicação. E vim embora. Estarei louca? Ando eu há mais de dez meses a fazer evicção de leite e derivados e a avó dá-lhe uma bolacha Maria. Ora bolas!
A baby R parece que felizmente não é tão alérgica como o irmão. Mesmo assim, está cheia de dores de barriga e gases... Espera-me uma noite daquelas. :( E quase um mês depois de ter ido de férias, venho finalmente contar as novidades. :)
O cruzeiro correu muito bem. Apesar de não ter ficado fã deste tipo de viagem, devo dizer que no que diz respeito à alergia do baby T não houve qualquer incidente. Apesar de todos os nossos receios, devo admitir que a MSC não brinca em serviço e tem inclusivamente uma pessoa responsável por todas as pessoas a bordo com alergias alimentares. Curiosamente, a situação mais desagradável que tive foi porque um funcionário do restaurante achava que eu devia por sal na sopa da baby R, entre outros ensinamentos que escolhemos ignorar. Passámos a chamar-lhe Nutricionista! :) Voltámos mesmo a tempo de festejar os 2 anos do T, numa festa "allergy free". Deu uma trabalheira, mas valeu a pena! Não me alongo, neste assunto, porque merece um post exclusivo. E no dia 13 de Maio chegou a melhor notícia de todas. Fomos à consulta hospitalar e as novas análises revelaram uma melhoria significativa a todos os níveis. Isto significa que demos um passo gigante em direcção à cura e que, em Junho, vamos fazer provocação oral com gema de ovo. Pronto! Cá estamos nós de malas feitas e coração nas mãos. Viajamos amanhã para Veneza, onde vamos embarcar num cruzeiro pelo Mediterrâneo. Vai ser a primeira viagem sem a companhia da nossa amiga "Máquina das sopas". Apesar de termos preenchido todos os formulários de "Special needs" e nos garantirem a segurança alimentar, fico com um nervoso miudinho só de pensar que um bocadinho de manteiga no arroz pode ser dramático para o baby T. Mas vai correr bem, não vai?
Deixo aqui a minha última experiência: brigadeiro de alfarroba! Uma óptima alternativa aos ovinhos de chocolate nesta Páscoa.
Ingredientes: 1 lata de leite de coco 2 colher de sopa de óleo de coco 3 colheres de sopa de farinha de alfarroba 3 colheres de sopa de açúcar coco ralado para polvilhar Leve tudo ao lume , mexendo sempre até engrossar. Demora mais tempo do que o brigadeiro normal. Deixe arrefecer, enrole e passe no coco ralado. Já está! E hoje para o jantar... Mousse de manga!
Ingredientes: 1 lata de leite de coco 1 lata de polpa de manga Deixar o leite de coco no frigorífico durante 24 horas, de forma a que quando se abra a água se separe da "nata". Retirar apenas a parte sólida do leite de coco e bater junto com a polpa de manga. Levar ao frigorífico e já está! Hoje levantámo-nos cedinho para ir ao hospital de Coimbra fazer análises. Doeu um bocadinho mas as enfermeiras foram muito simpáticas e deram duas seringas ao baby T. Já é a quarta vez que faz análises e cada vez gosta menos... Só saberemos o resultado para o mês que vem e se tudo correr como esperado vamos começar a dessensibilização ao ovo.
E, para o dói-dói do braço passar mais depressa, vamos fazer mousse de manga para o jantar! Hoje tivemos visitas ao jantar e resolvi experimentar fazer um bolo de alfarroba. Pesquisei várias receitas em sites vegan e acabei por inventar uma se adequasse aos ingredientes que tinha cá em casa. Apesar de estar um pouco reticente, tenho que admitir que o resultado foi surpreendente. Esta é sem dúvida uma receita para repetir. Ingredientes: Secos 100 g farinha de arroz 100 g amido de milho 1/2 colher de cháde canela em pó 4 colheres de sopa de farinha de alfarroba 2 colheres de sopa de açúcar mascavado escuro Líquidos 250 ml de leite de coco 100 ml de xarope de ácer 100 ml de óleo de coco Coco ralado q.b Açúcar em pó q.b Preparação: Misturar todos os ingredientes secos numa taça. Derreter o óleo de coco e misturar com os restantes ingredientes líquidos. Incorporar os secos nos líquidos até formar uma massa uniforme. Levar ao forno a 180º por cerca de 40 minutos em forma untada e polvilhada com coco ralado (dá um efeito crocante delicioso!). Cobrir com açúcar em pó ainda quente. |
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Sou a mãe do baby T e da baby R. Vivemos sem proteínas do leite de vaca e somos felizes! arquivo
Julho 2017
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